Gestão financeira na farmácia: lucros reais não vêm só das vendas

Entender o fluxo de caixa, controlar o estoque e aplicar DRE de forma disciplinada são pilares para a sustentabilidade do negócio farmacêutico

No universo do varejo farmacêutico, ainda é comum encontrar empresários que associam o bom desempenho da farmácia a um único indicador: o volume de vendas. Mas vender mais, por si só, não é sinônimo de crescimento — e muito menos de lucro. O lucro real está na gestão consciente, nos processos bem definidos e na responsabilidade sobre os próprios números.

Durante o Imersão Contabiliza Pharma 2025, realizado em Recife (PE) no mês de setembro, esse tema ganhou destaque na fala do CEO do Grupo Drogamedic e especialista em gestão no varejo farmacêutico e redes associativistas, Márcio Kleber Costa. Com mais de três décadas de experiência prática no setor, Costa trouxe ensinamentos valiosos que vão muito além da teoria — e continuam sendo extremamente relevantes para qualquer gestor que busca autonomia e sustentabilidade nos resultados.

Controle financeiro: a base da autonomia empresarial

Um dos principais alertas do especialista foi sobre a terceirização da responsabilidade financeira. Segundo Costa, muitos empresários ainda depositam toda a gestão financeira nas mãos do contador — e isso é um erro estratégico. Ele afirma que “quando você não mensura o seu negócio, não consegue tomar decisões com segurança. E, pior: pode estar operando no vermelho sem saber.”

Ter clareza sobre a origem da receita, o destino dos custos e o peso das despesas permite entender a real margem e, finalmente, o lucro. E para isso, a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) precisa deixar de ser ignorada e passar a fazer parte da rotina gerencial.

DRE é ferramenta de sobrevivência

Independente do regime tributário adotado — Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real — a DRE deve ser atualizada e acompanhada com disciplina. Ela organiza os dados da farmácia em quatro grandes blocos:

  • Receita;
  • Custos;
  • Despesas;
  • Margem e lucro.

Costa é direto ao afirmar: “quem ainda não tem esse controle, precisa fazer até para ontem.”

Estoque é ativo estratégico e precisa de vigilância

Segundo o especialista em gestão no varejo farmacêutico, o estoque é o ativo mais valioso da farmácia — e, ao mesmo tempo, um dos mais negligenciados. Em operações maiores, o estoque pode chegar a cifras milionárias. Sem controle, abre-se margem para ruptura, perdas e até desvios.

A recomendação é aplicar a lógica de Pareto: identificar os produtos de maior giro e fazer contagens diárias por amostragem. Divergências superiores a 1% indicam falhas graves de acordo com Costa: “ou está sendo roubado de clientes, ou o processo de entrada está errado, ou tem algum sócio oculto na empresa.”

Comprar bem é comprar certo e dentro do orçamento

Outro ponto abordado por Costa foi a cultura de compras nas farmácias. Comprar bem não significa aproveitar todas as promoções ou encher o estoque — mas sim comprar com base em orçamento estruturado, respeitando o Custo da Mercadoria Vendida (CMV). “A compradora tem um cheque com valor definido. Ela não pode ultrapassá-lo.” pontuou o CEO do Grupo Drogamedic. 

Além disso, o gestor deve reservar parte desse orçamento para oportunidades futuras, como negociações em feiras ou em períodos de alta programada.

Conciliação diária: o papel da disciplina nos resultados

A conciliação de pagamentos é outro gargalo frequente, especialmente quando há falhas no registro das formas de pagamento. Um erro aparentemente simples, como marcar a bandeira “Master” no lugar de “Visa”, pode gerar inconsistências graves no fechamento.

A solução? Foco e disciplina operacional. Costa defende a prática do fechamento de caixa às cegas, em que o operador não tem acesso ao valor esperado — o que evita fraudes ou ajustes intencionais.

Estratégia, não comparação!

O verdadeiro crescimento vem de dentro. Cada farmácia precisa construir sua própria estratégia, com base nos seus números, seu mercado e sua equipe. Copiar a farmácia vizinha pode parecer tentador, mas raramente traz os resultados esperados, e para esse cenário, seu conselho é: “não façam o trabalho de vocês olhando para o vizinho. Tenham as suas próprias estratégias.”

Além disso, é fundamental cercar-se de pessoas que compartilham o propósito do negócio. “Busquem colaboradores que acreditem na sua empresa.” incentivou Costa.

Assumir o controle do próprio negócio, entender a operação em profundidade e tomar decisões com base em dados é o que diferencia uma farmácia resiliente de uma farmácia vulnerável. 

Sobre a Contabiliza Pharma

A Contabiliza Pharma é especialista em oferecer serviços de contabilidade para farmácias e empresas do setor de higiene e beleza. Sempre atenta às atualizações legais e às demandas do mercado, a empresa se dedica a criar soluções inovadoras que otimizam processos e aumentam a eficiência operacional.

Nosso compromisso é transformar os resultados de negócios de pequeno e médio porte, ajudando-os a enfrentar desafios e a explorar novas oportunidades no setor. Entre em contato e descubra como podemos ser parceiros estratégicos no crescimento do seu negócio!